terça-feira, 25 de maio de 2010

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(1972)
Marina Colasanti

Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.


O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

O texto também foi sabiamente citado na pregação abaixo:

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Em Breve: Lançamento do livro


Prezados irmãos e amigos,

Em breve, permitindo Deus, farei o lançamento de meu livro: "O mal invisível: como vencer a depressão".

AGUARDEM................

GANSOS E EQUIPES


Quando você vê gansos voando em formação “V”, pode ficar curioso quanto as razões pelas quais eles escolhem voar dessa forma, pelo que apresentamos a seguir algumas descobertas feitas pelos cientistas.

Formação aerodinâmica

Essa formação de “v” só feita por algumas espécies de aves, principalmente as migratórias, como gansos, algum tipos de patos e pelicanos. A aerodinâmica é a resposta tradicional para essa questão.A disposição do grupo em forma de cunha ajuda a quebrar a força do vento e deixa o vôo mais fácil de ser realizado.porem essa forma de vôo diz uma pesquisa realizada por cientistas do centro nacional de viliers, na frança diz que essa forma de voar reduz a quantidade de energia gasta pelas aves nos vôos migratórios.Segundo o estudo,tudo o que tinha sido feito ate agora era teórico,baseado no modelo aerodinâmico.Nesse caso,os cientistas analisaram o pelicano brancos que voavam atrás de um avião, durante a realização de um documentário. Eles monitoraram os batimentos cardíacos das aves e menor.isso faz com que gastem menos energia e, talvez, consigam reter forças para viagens mais longas.fonte;Luiz Antonio bezerra de Mello lula,biólogo do setor de aves do zoológico de são Paulo, e revista “nature”,n°413,de 18/10/2001.

FATOS

1. Fato - a medida que cada ave bate suas asa, ela cria uma sustentação para a ave seguinte, voando em formação “V”, o grupo inteiro consegue pelo menos 71% a mais do que se cada ave voasse isoladamente.

2. Fato - sempre que um ganso sai fora da formação, ele repentinamente sente a resistência e o arraso de tentar voar só, e de imediato, retorna à formação para tirar vantagem do poder de sustentação da ave à sua frente.

3. Fato - Quando o ganso líder se cansa ele reveza indo para a traseira do “V”, enquanto um outro assume a ponta.

4. Fato - Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente em manter o ritmo e a velocidade.

5. Fato - Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois outros gansos saem da formação e o seguem, para ajudar e proteger, eles o acompanham até a solução do problema e, então, reiniciam a jornada. Os três ou juntam-se a outra formação, até encontrar o seu grupo original.

VERDADES

Verdade 1 - Pessoas que compartilham uma direção comum e um senso de equipe chegam ao seu destino mais depressa e facilmente, porque elas se apoiam na confiança uma das outras.

Verdade 2 - Existe força, poder e segurança em grupo quando se viaja na mesma direção com pessoas que compartilham um objetivo comum.

Verdade 3 - É vantajoso o revezamento quando se necessita fazer um trabalho árduo.

Verdade 4 - Todos necessitam ser reforçados com apoio ativo e encorajamento dos companheiros.

Verdade 5 - A solidariedade nas dificuldades é imprescindível em qualquer situação.

Para o bem do grupo, é fundamental ser um ganso voando em “V”. E, vamos procurar nos lembrar mais freqüentemente de dar um “grasnado” de encorajamento e nos apoiar uns nos outros com amizade e amor.
Que o exemplo do vôo dos gansos possa ser aplicado em nosso dia a dia com nossos irmãos, colegas e amigos.

"Autor Desconhecido"